19.1.07

O novo Brasil

O Novo Brasil: saiba porque o Brasil está pronto para a inovação.


O País da vez no BRIC

Transformar cana de açúcar em combustível foi apenas o começo. A prestigiosa instituição bancária e de investimentos Goldman Sachs, em um trabalho publicado em 2003 (Sonhando com os BRICs: o Caminho para 2050, Goldman Sachs, 1º/10/2003) reuniu quatro potências econômicas em rápido desenvolvimento sob a sigla BRIC - Brasil, Rússia, Índia e China. Este quarteto de nações tem em comum um vasto potencial econômico, mas uma delas tem desde então merecido uma atenção consideravelmente menor do que as demais: o Brasil. Existem algumas boas razões para isso. Para começar, a China e a Índia dominam duas áreas de grande importância global - fabricação no exterior e terceirização - e estão por isso mesmo atraindo enormes de manchetes e artigos favoráveis. Além disso, a saúde econômica do Brasil andou atrás dos outros membros do BRIC nos últimos anos, com um crescimento menor do PIB e uma taxa de inflação mais alta (Fonte: Estatísticas Econômicas por País, 2004 - CIA World Factbook). Mas tudo isso está começando a mudar. A economia do Brasil está se estabilizando e muitos dos obstáculos que historicamente dificultavam o nosso crescimento econômico estão começando a desaparecer. Soma-se a isso o comprometimento do governo brasileiro com a expansão econômica - incluindo aí a nova Lei da Inovação [Em Busca de um Ambiente Inovador, Sociedade Internacional de Propriedade Intelectual (World Intellectual Property Association)], aprovada em julho de 2005 - e começa a ficar claro o cenário que faz do Brasil um país cada vez mais atraente para as empresas que querem inovar. Sintomaticamente, a revista Business Week aclamou o Brasil como "uma excelente incubadora para novos empreendimentos tecnológicos," enfatizando que o setor de tecnologia da informação no país vem crescendo à taxa de 10% ao ano desde 2000. A exportação de bens e serviços high-tech deverá subir de cerca de US$500 milhões em 2004 para US$2 bilhões em 2007. (Business Week Online, 25/07/2005). Isso não é nenhuma surpresa para aqueles que sabem das coisas. "O Brasil possui poucos obstáculos resultantes de infra-estrutura legada," diz Robert Payne, Vice Presidente do IBM Global Services no Brasil. "Por essa razão, está plenamente preparado para se tornar um ambiente on demand." É bem verdade que a comunidade brasileira de negócios não é, de uma maneira geral, vista como uma grande fonte de inovações. Mas, provavelmente, ela merece mais crédito do que recebe. A agricultura, uma das mais importantes linhas de negócios do país, prosperou em boa parte pela vontade dos agricultores de encontrar soluções high-tech para problemas low-tech, como diz Rogerio Oliveira, Gerente Geral da IBM Brasil. Por exemplo, hoje o uso do GPS (Global Positioning System) é comum no setor agrícola nacional, para monitorar as condições de tempo e de solo, o que permite aos agricultores fazer ajustes mais precisos nos ciclos de irrigação, além de planejar melhor o uso de fertilizantes, o plantio e a colheita. Essa tecnologia aumenta consideravelmente o rendimento das safras, o que é importante em termos macroeconômicos, uma vez que o agronegócio responde por 10% do PIB do Brasil e emprega 20% da sua força de trabalho. (The World Data Factbook, Central Intelligence Agency). O Brasil também possui um histórico de utilizar criativamente a sua produção agrícola. Durante a crise do petróleo dos anos 70, o país usou a força da sua cultura de cana de açúcar para criar um combustível alternativo: o álcool. Nos meados da década de 80, quase a totalidade dos carros novos vendidos no Brasil rodava com álcool, e hoje o álcool representa 40% do total de combustíveis usados no país. (Energia no Brasil: produção doméstica de combustível ajuda o Brasil a respirar melhor, Los Angeles Times, 04/10/2005). Um outro setor que vem colhendo os frutos da inovação é o de fabricação de aeronaves. Em 1995, a Empresa Brasileira de Aeronáutica, ou Embraer, estava à beira da falência. O novo CEO, Maurício Botelho, detectou que a situação da companhia se devia ao fato de ela não se antecipar às necessidades dos seus clientes. Ao reconhecer que o setor de transporte aéreo passava por um processo de reformulação, com a criação de vôos mais freqüentes para cidades menores, a Embraer acelerou a produção de um jato regional de 50 lugares. A expectativa era de vender um total de 400 aviões, mas até o primeiro trimestre de 2005 a companhia havia vendido 900 unidades. Desde então, a Embraer vem capitalizando esse sucesso, e fechou um acordo com a JetBlue para a venda de até 201 unidades de um outro modelo de aeronave. Para que se tenha uma idéia do que isso representa, apenas esse novo contrato pode chegar a um valor de US$6 bilhões. (A Pequena Fabricante de Aviões que Deu Certo, revista Fortune, 14/11/2005).

Clima favorável ao crescimento

Apesar das turbulências que a economia brasileira enfrentou nas décadas de 80 e 90, a Embraer e o agronegócio conseguiram prosperar. Felizmente, hoje, as empresas que operam no Brasil desfrutam um ambiente muito mais favorável para crescer. Primeiro porque os índices socioeconômicos melhoraram significativamente nos últimos anos. "O ambiente no Brasil de hoje é de baixa inflação e estabilidade política, portanto as bases para o crescimento estão lançadas," diz Rogério Oliveira, presidente da IBM no Brasil. O governo, ao perceber o maior crescimento do PIB e as taxas de inflação exibidas pelos outros países do BRIC (Sonhando com os BRICs: o Caminho para 2050, Goldman Sachs, 01/10/2003), está estimulando a inovação. A já citada Lei da Inovação, por exemplo, faz parte de um esforço nacional para "criar condições adequadas para estimular um maior número de empresas a investir e se envolver em assuntos ligados ao desenvolvimento tecnológico," segundo uma análise da Sociedade Internacional de Propriedade Intelectual (World Intellectual Property Association). Atualmente, 70% das pesquisas tecnológicas no país utilizam verbas públicas e 80% dos pesquisadores trabalham em instituições do governo, tais como universidades públicas, de acordo com a Sociedade Internacional de Propriedade Intelectual. A Lei da Inovação pretende tornar mais fácil a colaboração desses profissionais de Pesquisa e Desenvolvimento com as pequenas e médias empresas, estimulando assim a criação de tecnologias mais vendáveis. Uma ótima notícia para as empresas que têm planos de voltar a operar no Brasil. Com relação à infra-estrutura, as coisas também estão progredindo bastante. Os gastos com TI no Brasil têm crescido de forma consistente. Além disso, depois de anos e anos operando com uma economia fechada, o Brasil está agora colhendo os frutos da decisão, tomada há dez anos, de abrir as suas portas. Particularmente, o país dispõe agora de um setor de telecomunicações "amplamente aberto e competitivo" que está provendo serviços de ponta, segundo Oliveira. Cerca de 12% da população brasileira possui acesso à Internet, o que ultrapassa tanto a Índia (3,6%) quanto a China (7,1%). (Fonte: Estatísticas Econômicas por País, 2004 - CIA World Factbook). Enquanto isso, mais de 45% dos brasileiros têm um telefone celular, a maior parte do tipo pré-pago. Para o grupo dos países em desenvolvimento, esses índices representam uma população bem conectada e trazem bons presságios para o futuro das empresas de tecnologia aqui, diz Payne, da IBM. Na verdade, esse aumento da população conectada tem gerado importantes avanços tecnológicos. A alta demanda por serviços de Internet gerou um robusto setor de Provedores de Serviços de Internet (Internet Service Providers - ISP), e a IBM está vendo nessas empresas um canal útil para distribuição da sua tecnologia - incluindo software de bancos de dados como o DB2 - para os pequenos e médios negócios. Os cerca de 700 contratos fechados com pequenas e médias empresas -- "não seriam possíveis" sem as conexões dos ISPs, diz Oliveira, da IBM.

On Demand Business, estilo varejo

Em face desses fatores, não é de surpreender que um número grande de empresas brasileiras esteja agarrando a oportunidade de se transformar em On Demand Business. O melhor exemplo talvez seja o das Casas Bahia, uma rede de varejo baseada em São Paulo. Operando com mais de 500 lojas em oito estados do país, as Casas Bahia rodam todas as suas operações em Linux. Mas, interessante mesmo, é a forma pela qual a empresa se organizou internamente para coletar informações de negócios.

Com a ajuda da IBM, a empresa criou um sistema que alinha os esforços de marketing, distribuição e vendas com as necessidades específicas das lojas. Se, por exemplo, um verão mais intenso está previsto para uma região do país, as lojas dessa região recebem um lote extra de ventiladores e condicionadores de ar. Anúncios internos e incentivos de vendas específicos ajudam a vender as mercadorias "do momento". "Estamos criando sistemas de gerenciamento que detectam oportunidades a partir das lojas", diz Oliveira. Frederico Wanderley, CIO das Casas Bahia, acrescenta que a solução IBM que sua empresa implantou faz com que os sistemas legados S390 da empresa estejam "rapidamente disponíveis para todos os usuários corporativos, com uma interface muito moderna e amigável, sem qualquer mudança na lógica dos aplicativos".

Outros setores também estão se adaptando e inovando de forma parecida - o setor de bancos, por exemplo, e as empresas industriais. Algumas estão desenvolvendo novos produtos especificamente para o mercado brasileiro, como versões de baixo custo de café, xampu e até mesmo de lavadoras de roupa.

Mas, apesar disso tudo, muitos desafios ainda persistem. No Brasil, a distribuição desigual da renda continua a ser um problema, com uma vasta parte da riqueza nacional concentrada no sudeste do país. Na verdade, esse abismo entre os que têm e os que não têm é um problema comum a todos os países do BRIC, e quase todos concordam que a melhor solução para o problema é dar educação para o maior número possível de pessoas. Isso vai não só criar um mercado de trabalho mais amplo, mas também promover o desenvolvimento econômico, na medida em que empregos com melhor remuneração aumentam o poder aquisitivo dos consumidores.

Para alcançar esse objetivo, o Brasil está caminhando na direção certa. Segundo Oliveira, 95% das crianças entre 7 e 14 anos de idade estão hoje na escola, e as altas taxas de matrícula são um bom sinal das mudanças que estão por vir. "O Brasil tem capacidade para competir com a Índia e a China," diz Oliveira. "Em alguns aspectos, estamos mais bem posicionados do que eles para crescer. Mas em outros, ainda temos que melhorar".

Fonte: IBM
Foto:
Motofish Images/Corbis

Tags: Inovação, inovation,
world intellectual property association, brics, on demand business, crescimento, ibm global services brasil, futuro.

Um comentário:

Carol disse...

Gostei das notícias... e acho q realmnete o Brasil esta caminhando... a passos pequenos é certo mas a passos q nosso pais aguenta...
Bjs